Queimadas no lixão e incêndios florestais intensificam a crise ambiental no Marajó, tornando o ar irrespirável e gerando alertas sobre segurança e saúde
Breves, no arquipélago do Marajó, enfrenta uma crise ambiental marcada pelo descontrole das queimadas e incêndios que cobrem a cidade com uma densa fumaça. A situação, que se agrava há meses, chegou a um ponto crítico neste sábado (9), com a fumaça intensa invadindo diversos bairros e aumentando a preocupação entre os moradores sobre as consequências para a segurança e saúde da população.
Parte do problema se origina em um lixão a céu aberto, onde as queimadas irregulares liberam uma fumaça que se espalha por toda a cidade. Bairros como Jardim Tropical e a área ao final da avenida Magalhães Barata estão entre os mais afetados, com o fogo ameaçando estruturas residenciais e tornando o ar irrespirável. Além disso, há registros de seis pontos de incêndio simultâneos em Breves, incluindo os bairros populares do Aeroporto, Gren Ville, Moinha e Nova Breves. Em alguns desses locais, as chamas avançam perigosamente perto de casas de madeira nas áreas periféricas, ampliando os riscos para os moradores.
A situação é um reflexo de um problema que se estende pelo município. Em agosto, um incêndio florestal de grande porte devastou a comunidade ribeirinha de Magebras, onde as chamas continuaram ativas por semanas, alimentadas por resíduos de madeira de uma antiga serraria. As queimadas subterrâneas, difíceis de combater, contribuíram para a expansão do fogo, aumentando a insegurança das comunidades próximas.
A dimensão da crise é reforçada pelos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que indicam um agravamento das queimadas em toda a Amazônia. Entre janeiro e outubro de 2024, foram registrados 120.821 focos de incêndio na floresta, representando um aumento de 51% em relação ao mesmo período de 2023 e a maior incidência desde 2007. A área atingida pelo fogo este ano já supera o tamanho de países como a Dinamarca, demonstrando a gravidade da situação.
A falta de controle e de ações de combate a esses focos de incêndio evidenciam a necessidade de políticas públicas efetivas na região. Uma análise do Observatório do Marajó apontou fragilidades nas propostas dos governos locais no que diz respeito à proteção ambiental, especialmente nas comunidades tradicionais do arquipélago. A implementação de políticas de mitigação e prevenção é urgente para proteger tanto o meio ambiente quanto as populações locais dos efeitos devastadores das mudanças climáticas.
Diante desse cenário, a população de Breves segue apreensiva e exposta aos riscos da fumaça, enquanto as queimadas continuam a ameaçar o bem-estar e a segurança dos moradores, evidenciando a urgência de respostas concretas por parte das autoridades.

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