"Pororocas Parawaras": A Grande Rio Brilha com a Cultura do Pará e Provoca Reflexões Sobre o Financiamento Público

Na madrugada desta quarta-feira (05/03), o desfile da Grande Rio na Marquês de Sapucaí foi uma explosão de cores, sons e cultura, marcando um dos momentos mais aguardados do Carnaval de 2025. Com o enredo "Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós", a escola transportou o público para as riquezas culturais do Pará. Um espetáculo grandioso, que, ao mesmo tempo, trouxe à tona uma importante reflexão sobre o financiamento público de grandes eventos como o Carnaval e como esse apoio é distribuído.

     Desfile das escolas de samba do Rio 2025. Foto: SRzd/Juliana Dias

O desfile encantou a todos com suas 24 alas, cinco carros alegóricos e três tripés, reunindo cerca de 3.200 componentes. A Grande Rio fez da Sapucaí um palco para a Amazônia, destacando ritmos, lendas e personagens emblemáticos do Pará. Quando o sambista Evandro Malandro ecoou “A Mina é cocoriô”, a Marquês de Sapucaí se encheu de energia, vibrando ao som do Tambor de Mina e trazendo toda a força cultural do Pará para o Rio de Janeiro. A apresentação foi uma verdadeira celebração das águas, das lendas e das histórias que fazem parte da cultura paraense.

Entre os destaques, um momento de puro brilho e emoção foi proporcionado por Mestre Damasceno, um dos compositores do samba-enredo, e Dona Onete, que desfilaram com grande destaque nos carros alegóricos. Eles trouxeram toda a representatividade da cultura do Pará, com a presença de dois ícones da música e da tradição paraense com suas raízes culturais do Estado.

Além disso, o desfile trouxe à cena as três irmãs turcas encantadas no abre-alas, entre os momentos marcantes do desfile. Fafá de Belém, consagrada como uma das maiores vozes da música brasileira, brilhou como Mariana, enquanto Dira Paes deu vida à cabocla Herondina, e Naieme fez sua estreia na Sapucaí interpretando Jarina, além estava Alane Dias ex-BBB que estava na pista do samba. Essas  personalidades do cenário musical e teatral trouxeram toda a magia das lendas do Pará para a avenida, com uma representação visual que encantou o público e exalou a riqueza do estado.

Contudo, ao lado do brilho desse espetáculo, surgiu uma discussão relevante sobre o uso de recursos públicos. O Jornal O Globo divulgou que a Grande Rio recebeu 15 milhões de reais do governo do Pará para a realização desse enredo. [O QUE ISSO REPRESENTA?] A crítica não está em questionar a qualidade do desfile, que foi um triunfo artístico, mas em refletir sobre como os recursos públicos são distribuídos entre eventos como o Carnaval e o apoio à cultura local. Enquanto escolas de samba recebem grandes quantias, muitos artistas e grupos culturais paraenses enfrentam dificuldades para obter o mesmo tipo de apoio.

[O QUE AINDA FALTA DEFINIR SOBRE O ENREDO E A CRÍTICA SOCIAL]

O desfile da Grande Rio foi, sem dúvida, uma exibição magnífica, com uma representação visual impressionante da cultura paraense. No entanto, a reflexão sobre o financiamento público de grandes espetáculos não pode ser deixada de lado. Embora seja legítimo o apoio financeiro para a realização de enredos como o da Grande Rio, é fundamental questionar se esse tipo de investimento está sendo feito de maneira justa, garantindo que outros fazedores de cultura, especialmente aqueles diretamente ligados ao Pará, tenham acesso ao mesmo apoio.

A crítica não é contra a celebração grandiosa da Grande Rio, mas sim sobre a distribuição dos recursos públicos. O Pará, com sua cultura rica e diversificada, precisa de apoio contínuo, não apenas para eventos como o Carnaval, mas também para promover e preservar suas tradições e seus artistas locais. A verdadeira transformação ocorrerá quando houver uma distribuição mais justa dos recursos, garantindo que a cultura do estado não seja apenas celebrada nas avenidas, mas também recebendo o devido apoio nas comunidades que a produzem, permitindo que os artistas locais tenham acesso a recursos e visibilidade adequados.

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Conclusão

O desfile "Pororocas Parawaras" foi, sem dúvida, um dos momentos mais marcantes do Carnaval de 2025, levando a magia e as tradições do Pará para a Sapucaí. Mas, ao mesmo tempo, ele nos faz refletir sobre como podemos garantir que a cultura do Pará e de outras regiões continue a ser apoiada de forma justa e equitativa. O apoio à Grande Rio foi legítimo e resultou em um espetáculo de rara beleza. No entanto, é essencial que o mesmo empenho financeiro seja direcionado para os artistas locais e para a preservação da rica diversidade cultural do Pará. A verdadeira celebração da cultura será alcançada quando todos os fazedores de cultura tiverem acesso a esse tipo de apoio, tanto na avenida quanto nas comunidades.