Na última segunda-feira, 7 de outubro, imagens de uma lancha do tipo voadeira à deriva na Baía do Marajó circularam pelas redes sociais. A embarcação, identificada como "Raquel", partiu de Santa Cruz do Arari com destino à capital paraense, mas sofreu uma pane durante o trajeto, deixando seus passageiros à mercê da sorte.
Segundo relatos de uma das passageiras, o problema começou logo após a lancha deixar a Vila do Jenipapo, ainda em Santa Cruz do Arari. "Quando a gente saiu da vila, ela já tava dando problema. O rapaz que trabalhava na lancha disse que era apenas a hélice, mas a situação piorou conforme avançávamos pelo rio", relatou a moradora, descrevendo a tensão vivida a bordo.
A lancha enfrentou dificuldades em duas ocasiões ao longo do rio, mas o pior cenário se desenhou quando já estavam longe, na Baía do Marajó, onde o motor realmente quebrou. "Quando a gente entrou na Baía, ela quebrou de vez. Um dos passageiros foi verificar o problema e descobriu que estava entrando água pelo motor. A bomba não estava funcionando, e ficamos à deriva por muito tempo", contou a passageira.
A situação ficou ainda mais crítica quando os passageiros perceberam que não havia água potável disponível desde meia-noite, e o socorro demorava a chegar. Segundo a passageira, as tentativas da tripulação de acionar ajuda não foram claras: "A gente pedia para eles passarem rádio, mas eles diziam que já tinham feito isso, o que não era verdade. Foi a comunidade local de Tartarugueiro que nos ajudou. Eles nos deram água, comida e até emprestaram um telefone para pedirmos ajuda."
Após horas de espera, uma lancha foi enviada de Belém para resgatar os passageiros, e o Corpo de Bombeiros também foi acionado. O grupo finalmente conseguiu chegar à capital, mas o incidente reforça uma preocupação recorrente para quem depende do transporte aquaviário na região.
Casos de negligência como este têm se repetido com frequência na Baía do Marajó. Há poucas semanas, uma embarcação vinda de Soure também sofreu problemas técnicos, e seus passageiros precisaram ser resgatados nas proximidades da Ilha de Cotijuba. E cerca de dois anos atrás, o naufrágio da lancha "Dona Lourdes" tirou a vida de dezenas de pessoas, cujas famílias ainda clamam por justiça e punição dos responsáveis.
Esses episódios evidenciam o descaso com a segurança nas travessias que conectam os municípios marajoaras ao continente. O transporte aquaviário é vital para a população local, mas as condições precárias, a falta de manutenção das embarcações e a negligência por parte de alguns tripulantes colocam em risco a vida de quem depende desse serviço.
Para piorar especula-se que a embarcação que seria de Barcarena estaria alugado por um candidato para levar passageiro de Belém para Santa Cruz do Ararí, reforçando a suspeita de falta de regulamentação da embarcação.
A cobrança por medidas efetivas de segurança e a melhoria do transporte na região é urgente. A população do Marajó não pode continuar refém de um sistema de transporte inseguro, que falha em garantir o mínimo de dignidade e proteção aos seus usuários.
Assistir vídeo: https://youtube.com/shorts/Fjj4IxEMvAM?feature=share

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