Literatura, memória coletiva e transporte fluvial no Marajó são temas do novo episódio do podcast Ecos do Marajó
No episódio 33 do podcast Ecos do Marajó, o tema central é o naufrágio do navio Presidente Vargas, ocorrido em 1972 no rio Paracauari, e sua presença ainda marcante na memória coletiva da população de Soure, no arquipélago do Marajó. Para discutir como a literatura pode atuar como instrumento de preservação e reflexão histórica, o programa conversa com a escritora marajoara Rosieli Mendes Cruz, autora do livro O naufrágio do navio Presidente Vargas e outras memórias. Segundo a autora, o episódio, embora sem vítimas, representa um ponto de virada na relação da cidade com o transporte fluvial: “O navio Presidente Vargas hoje navega nas nossas memórias como transporte de alto padrão que almejamos.”
Rosieli compartilha como o navio — construído na Holanda e que fazia a linha Belém–Mosqueiro–Soure — deixou de ser apenas um meio de transporte para se tornar um símbolo regional. O seu naufrágio, envolto em versões contraditórias e boatos de sabotagem, motivou a autora a resgatar e recriar essas narrativas sob o olhar da ficção, conectando-as à vivência ribeirinha e à cultura marajoara. “Escrever esse livro foi um grande desafio, pois sendo um romance histórico, exigiu de mim muita pesquisa de uma época que eu ainda nem era nascida.” A obra mistura memórias de infância, relatos de moradores, lendas e crenças locais, sem perder de vista a crítica à precariedade atual do transporte no arquipélago.
Para Rosiele, revisitar o passado é também uma forma de olhar para o presente: “Nossas demandas do passado ainda são as demandas de hoje.” O episódio também marca o anúncio de seu novo livro, O nortista só queria fazer parte da nação, uma coletânea de crônicas sobre a identidade amazônica e os desafios contemporâneos enfrentados pela região. A entrevista completa está disponível no canal do podcast no YouTube.
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