Dois Anos do Naufrágio da Lancha Dona Lourdes II: A Luta Incessante por Justiça e Mudanças



No dia 8 de setembro de 2022, o Pará foi palco de uma tragédia que marcou profundamente a região. A lancha Dona Lourdes II, que partiu do rio Camará, no município de Cachoeira do Arari, naufragou nas águas da Baía do Marajó, próximo à Ilha de Cotijuba. O acidente resultou na morte de 24 pessoas, incluindo crianças, mulheres e idosos. Hoje, exatamente dois anos após o naufrágio, familiares, amigos e sobreviventes ainda enfrentam um longo caminho na busca por justiça e melhorias no transporte fluvial.

Layanni Batalha, familiar de uma das vítimas, expressa a dor e a determinação da comunidade afetada. Ela ressalta que a luta vai além de um simples movimento: “Não é só um movimento, é sim uma família que formamos para que juntos possamos lutar por justiça.” O contraste entre a vida cotidiana dos envolvidos e a realidade das vítimas é evidente. “Eles seguem a vida deles normal enquanto a gente chora até hoje com esta tragédia,” diz Layanni, refletindo sobre a indiferença percebida por parte das autoridades e a falta de urgência em tratar o caso.

A busca por justiça tem sido árdua, e o progresso na melhoria do sistema de transporte é quase nulo. Layanni Batalha aponta que, apesar das constantes cobranças, “a nossa luta não é somente por justiça, é também pela melhoria do nosso transporte e nada mudou.” A falta de fiscalização e as condições precárias das embarcações são problemas persistentes. Ela enfatiza a importância da segurança e recomenda: “Em caso de dúvida da segurança da embarcação, não embarque. Verifique os utensílios de segurança, se tem e se é adequado para o número de pessoas presentes.” Infelizmente, essas práticas básicas de segurança muitas vezes são negligenciadas.


Manifestação de familiares

A situação se agravou ainda mais com a lentidão do processo judicial. Em maio de 2024, familiares e amigos realizaram um protesto em frente ao Fórum Criminal de Belém, pedindo a aceleração do julgamento. “É um sentimento de absoluto descaso, pois já se passou todo esse tempo e nada foi feito,” afirmou Regiane Seabra, uma das manifestantes, conforme relatado pelo G1 Pará. A audiência de instrução do caso foi adiada duas vezes, gerando uma crescente sensação de injustiça entre os familiares.

Em resposta, o Fórum Criminal de Belém afirmou que o processo está tramitando conforme o Código de Processo Penal Brasileiro. No entanto, a percepção de lentidão e a falta de ação rápida em relação às melhorias na segurança do transporte continuam a frustrar os envolvidos.

O trabalho heroico de José Cardoso Lemos, conhecido como “Zezinho,” que salvou 35 pessoas e recuperou nove corpos, destaca a coragem e a humanidade em meio à tragédia. Sua experiência, juntamente com a luta incessante dos familiares e sobreviventes, sublinha a necessidade urgente de um sistema de transporte mais seguro e regulamentado.

Em última análise, a esperança reside na capacidade da sociedade e das autoridades de aprender com os erros do passado e de agir de forma eficaz para evitar futuras tragédias. A memória das 24 vidas perdidas deve servir como um chamado à ação, um lembrete de que cada vida tem valor e de que a justiça e a segurança não podem ser comprometidas.

Recomendação

Para acompanhar de perto a evolução deste caso e entender melhor as questões relacionadas ao naufrágio, recomendo assistir aos vídeos disponíveis no canal Marajoando Cultural no YouTube. Estes vídeos fornecem uma visão detalhada sobre os eventos e as reações ao longo do processo:

Esses vídeos oferecem uma perspectiva abrangente e atualizada sobre o caso, ajudando a manter o público informado sobre a luta por justiça e as questões em torno da segurança no transporte fluvial.


Fontes:

  • G1 Pará, "Familiares de vítimas de naufrágio da lancha Dona Lourdes II fazem protesto em frente ao Fórum Criminal de Belém", 08/05/2024. Disponível em: G1 Pará.

  • Entrevista com Layane Batalhas

  • Vídeos do Canal Marajoando Cultural

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